quarta-feira, 27 de março de 2013

Atomic Rooster, conhece esses brothers?




Cara, você já viu This is Spinal Tap (1984)? Se não, saia do meu blogue agora e assista. Juro que você não vai se arrepender! Passava direto num canal da TV fechada e chegou a virar um dos favoritos da minha mãe.

Um dos clássicos do estilo "mockumentário", o filme conta a odisséia dos metaleiros ingleses do Spinal Tap, que vão à América fazer uma turnê para os seus poucos mas loucos fãs. De tão brutal e cruel com os excessos dos grandes astros do rock oitentista, reza a lenda que caras como o Eddie Van Halen e o George Lynch simplesmente odiaram o This is... de tão realista que ele era.

Entre as suas as suas inúmeras piadas, uma das mais marcantes é sobre o triste fim de seus bateristas. Eu iria até tentar contá-la, mas acho melhor vocês mesmo ouvirem:



Muito bom! Em parte, isso era uma cutucada no Judas Priest, que teve sete bateras entre 1970 e 1979. Na telona, o baterista da banda, Mick Shrimpton, foi interpretado pela verdadeira lenda Ric Parnell. Ele conta a história de sua contratação:
"The first question they asked was, 'What do you think about a movie that's going to tear your career apart?' I said, 'You should have made this movie about 10 years ago.' They then asked me what other bands I'd been in, and I said, 'Well, I was in a band called Atomic Rooster.' They looked at each other and said, 'Yep, that's it, you're our man.' "

Uma história formidável... mas você conhece esse tal de Atomic Rooster?

O Atomic Rooster foi uma banda de Rock inglesa que começou em 1970, quando os grandes Vincent Crane e Carl Palmer deixaram, respectivamente, o órgão e as baquetas da genial banda do Arthur Brown.




O primeiro álbum da banda, o Atomic Roooster (1970) (não, eu não digitei errado), mostra uma excelente banda ainda em transição entre o psicodélico com o rock progressivo que tomaria o seu espaço. De fato, a aceitação musical foi tão boa que o Carl Palmer veio a ser o Palmer do supergrupo Emerson, Lake & Palmer (agora em diante, só ELP), um dos mais liberais (e competentes!) conjuntos do Prog.



No próximo lançamento deles, com Palmer já tendo integrado o ELP, foi contratado o Paul Hammond para ajudar Crane e o guitarrista/vocalista John Du Cann no épico Death Walks Behind You (1970). Este é um considerado o melhor álbum da banda, que sonoramente era como o primeiro álbum do ELP, só que com uma guitarra distorcida e com um vocal mais rasgado.

                                    

Não obstante, o meu favorito deles não é o Death... e nenhum com o Ric Parnell! É o In Hearing of Atomic Rooster (1971)! Nele, Crane, Du Cann e Hammond se juntaram ao cantor Pete French, que com uma voz mais fluída e suave, ampliando consideravelmente o horizonte do grupo. Em geral, as guitarras, antes preponderantes, abriram lugar para linhas vocais melódicas e algumas pitadas de soul, que desvencilharam a banda de seu som mais característico. Daí talvez o fato do álbum não ter virado um favorito!

Mas isso é uma grande injustiça! Só há grandes canções. A primeira, Breakthrough, mistura um órgão, um swing de bateria e um poema sobre o você ser o seu próprio e maior inimigo.

                                    

(Nesse vídeo, quem canta é o Chris Farlowe; ei, o coitado não parece o Marilyn Manson? Ah, e é o Ric Parnell batucando lá!)

E as coisas só melhoram a partir daí. Break the Ice e Head in The Sky aceleram a batida a nível "proto-Heavy Metal", um gênero ao qual o Atomic poderia se encaixar, se não fosse tão Keyboard-oriented. Como nos seus discos anteriores, ainda há uma fatia generosa dada à improvisação jazz com os instrumentais A Spoonful of Bromide Helps the Pulse Rate Go Down (eita nome grande) e The Rock. Mesmo assim, o excelente dele são as faixas mais vagarosas e intrigantes, como a linda Decison/Indecision e a misteriosa Black Snake, esta uma magnífica mistura de instrumento e voz.


Eu gosto muito desses brothers. Apesar de, com alguma segurança, poder afirmar que eles não são os "caras" do Prog, eles são tão ricos em infusões e atos de bom senso musical, que é uma pena que eles sejam tão esquecidos! (Uma observação: bom senso é uma coisa que os progressivos costumam perder depois um tempo...)

É, e a vida não é tão romântica como nos filmes. A mente atrás da banda, Vincent Crane, morreria no dia de São Valentim, em 1989. Como o Chorão, ele foi vítima de uma overdose, depois de anos lutando contra a depressão. Por abuso de substâncias também, o Paul Hammond foi dessa pra uma melhor em 1992. Finalmente, John Du Cann nos deixaria em 2011 por causas naturais; liqüidando assim a formação clássica do grupo. E não é que a Morte anda por trás de nós?

Atomic Rooster - In the Hearing of Atomic Rooster.  Nota: 4/5


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